Kaleidoscópio Literário
a expressão de Kathleen Lessa
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Meu Diário
15/02/2009 00h36
DIAS DE MARASMO... e um poema de SARAMAGO (kml)
Ando sem vontade de escrever. Melhor dizendo: sem prazer em escrever.
Ando ensimesmada...
Penso, penso e não debulho as favas no prato à minha frente.
Letargia. Talvez, falta de aptidão... Constato uma quebra. Certo abatimento.
Murchei? Já disse tudo que queria? Desnudei minha alma e coração? Doravante corro o risco de ser repetitiva?
De repente tomo meus versos, relei-os e não sei... Sequer escrever e rasgar, como sempre faço... Nada.

Aguardo um start! Uma bandeira luminosa que me sinalize que já são horas da largada e devo seguir meu percurso.
Mas enquanto isso não acontece, deixo-me ficar com os versos de Saramago.



 
NESTA ESQUINA DO TEMPO

Nesta esquina do tempo é que te encontro,
Ó nocturna ribeira de águas vivas,
Onde os lírios abertos adormecem
A mordência das horas corrosivas.

Entre as margens dos braços navegando,
Os olhos nas estrelas do meu peito,
Dobro a esquina do tempo que ressurge
Da corrente do corpo em que me deito.

Na secreta matriz que te modela,
Um peixe de cristal solta delírios
E como um outro sol paira, brilhando
Sobre as águas, as margens e os lírios.

(José Saramago)

 
Publicado por KATHLEEN LESSA
em 15/02/2009 às 00h36
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
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01/02/2009 06h21
O TEMPO TEM ASAS (Kathleen Lessa)


Já termina fevereiro,
deita-se o tempo a correr.
Ainda penso em janeiro...
Memória põe-se a perder.


  ( Kathleen Lessa )



O TEMPO PASSA?

O tempo passa? Não passa
no abismo do coração.
Lá dentro, perdura a graça
do amor, florindo em canção.

O tempo nos aproxima
cada vez mais, nos reduz
a um só verso e uma rima
de mãos e olhos, na luz.

Não há tempo consumido
nem tempo a economizar.
O tempo é todo vestido
de amor e tempo de amar.

O meu tempo e o teu, amada,
transcendem qualquer medida.
Além do amor, não há nada,
amar é o sumo da vida.

São mitos de calendário
tanto o ontem como o agora,
e o teu aniversário
é um nascer a toda hora.

E nosso amor, que brotou
do tempo, não tem idade,
pois só quem ama escutou
o apelo da eternidade.

(Carlos Drummond de Andrade)

Publicado por KATHLEEN LESSA
em 01/02/2009 às 06h21
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19/01/2009 10h17
ACORDO E TENHO SAUDADE... (Kathleen Lessa)

  ... ilustro meu dia com resposta poética ao poema do amado ...

 

É!
Todas as tardes, noites, madugadas, matinas,
Um véu já de saudade em cada ligeiro afastamento...
Uma chama já de vontade para um novo momento...


É!

A moça feita de neve e o andarilho poeta.
O dia nasce e o amor se acoberta.
 

 Kathleen Lessa       
Publicado por KATHLEEN LESSA
em 19/01/2009 às 10h17
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12/01/2009 19h16
DE ANA CRISTINA CÉSAR



" olho por muito tempo o corpo de um poema
até perder de vista o que não seja corpo
e sentir separado dentre os dentes
um filete de sangue
nas gengivas "

(Ana Cristina César)



(Rio de Janeiro, 1952 - 1984)
Publicado por KATHLEEN LESSA
em 12/01/2009 às 19h16
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07/01/2009 18h26
NO CAMINHO COM MAIAKÓVSKI e a busca da liberdade...

 

(poema de Eduardo Alves da Costa*)
 


Assim como a criança
humildemente afaga
a imagem do herói,
assim me aproximo de ti, Maiakóvski.
Não importa o que me possa acontecer
por andar ombro a ombro
com um poeta soviético.
Lendo teus versos,
aprendi a ter coragem.

Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
 


Nos dias que correm
a ninguém é dado
repousar a cabeça
alheia ao terror.
Os humildes baixam a cerviz;
e nós, que não temos pacto algum
com os senhores do mundo,
por temor nos calamos.
No silêncio de me quarto
a ousadia me afogueia as faces
e eu fantasio um levante;
mas manhã,
diante do juiz,
talvez meus lábios
calem a verdade
como um foco de germes
capaz de me destruir.


Olho ao redor
e o que vejo
e acabo por repetir
são mentiras.
Mal sabe a criança dizer mãe
e a propaganda lhe destrói a consciência.
A mim, quase me arrastam
pela gola do paletó
à porta do templo
e me pedem que aguarde
até que a Democracia
se digne aparecer no balcão.
Mas eu sei,
porque não estou amedrontado
a ponto de cegar, que ela tem uma espada
a lhe espetar as costelas
e o riso que nos mostra
é uma tênue cortina
lançada sobre os arsenais.


Vamos ao campo
e não os vemos ao nosso lado,
no plantio.
Mas ao tempo da colheita
lá estão
e acabam por nos roubar
até o último grão de trigo.
Dizem-nos que de nós emana o poder
mas sempre o temos contra nós.
Dizem-nos que é preciso
defender nossos lares
mas se nos rebelamos contra a opressão
é sobre nós que marcham os soldados.

E por temor eu me calo,
por temor aceito a condição
de falso democrata
e rotulo meus gestos
com a palavra liberdade,
procurando, num sorriso,
esconder minha dor
diante de meus superiores.
Mas dentro de mim,
com a potência de um milhão de vozes,
o coração grita - MENTIRA!

 

 


Esse poema é INTEIRAMENTE de EDUARDO ALVES COSTA, nascido em 1936, em
Niterói, advogado, contista, cronista, romancista e poeta brasileiro.
Dá título ao seu livro de poesias, lançado em 1985, "No caminho, com Maiakóvski". Esse poema circula pela internet com autoria errada.

 

 

 

 

 

 

 

Publicado por KATHLEEN LESSA
em 07/01/2009 às 18h26
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Página 38 de 40
Os textos da autora têm registro no ISBN. Plágio é crime.