Kaleidoscópio Literário
a expressão de Kathleen Lessa
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Meu Diário
01/04/2010 15h00
LEMBRANÇA OPORTUNA (Dr. Bezerra de Menezes)

Filhos:

Nestes momentos de crise existencial por que passa nossa humanidade, na transição para o milênio próximo, estejamos sempre vigilantes em nossa caminhada. São muitos os obstáculos a transpor e os observadores espirituais, à nossa volta, já impossibilitados de retornar ao orbe pela reencarnação, inquietos alguns, revoltados outros, vingativos outros mais, julgando-se, muitos deles, injustiçados pela Providência Divina, cobram de cada um de nós o necessário aprumo moral-espiritual, afim de merecermos a Terra do amanhã.
Vigiam-nos de perto;
Espreitam-nos os atos;
Policiam-nos as palavras;
Perscrutam-nos as intenções;
Acompanha-nos os desacertos;
Examinam-nos a honestidade, nas relações do cotidiano;
Medem-nos a estrutura cristã, na postura de cada hora;
Registram-nos erros e deslizes como quem contabiliza, com avidez, créditos a exigir mais adiante;
Relacionam–nos em seus índex de perseguição e cobranças do passado;
Espreitam-nos, na posição em que se encontram, como nas presas fáceis às suas intenções menos felizes.
Incomoda-lhes, nosso mais singelo esforço de melhoria espiritual, por nos distanciarmos de suas aspirações e companhias.
Ontem, comungamo-lhes os ideais sombrios, enquanto hoje, instigados pela renovação cristã, buscamos outros caminhos.
Mantenhamos acesa, dentro em nós, a lâmpada viva da fé e, à luz da oração, avancemos à frente segundo as recomendações do Mestre Divino, com ele e a serviço d’Ele que nos pastoreia a caminhada.

Faz-se inadiável a sublime advertência:
-“Brilhe a vossa luz!”


É imprescindível altearmos a candeia do coração a fim de afugentarmos as sombras, tredas e perigosas, em torno de nossos passos.
Ao combustível do Evangelho, seremos sempre capazes de nos manter firmes e dedicados, seguindo nas pegadas luminosas de JESUS. 
Eis o mesmo momento de cada um tornar a cruz de suas decisões e renúncias, e avançar, por si mesmo, na direção do Mestre.
Sem demagogia, nem proselitismo;
Sem adiantamentos, nem desculpismos;
Sem receios, nem revolta;
Sem mascaramentos, nem rotulagem religiosa;

Agora, eis o instante decisivo, em nossa vidas, para aquela posição firme, consciente e corajosa de nossa fé!
- Orar e Vigiar!- eis a sentença de ordem.

JESUS, à nossa frente, ilumina-nos os passos, por Sol Meridiano de nossas almas.
Mas, é preciso seguirmos com Ele, escutando-lhe o chamado para não soçobrarmos às intempéries sombrias dos tempos de transição para o Mundo de Regeneração que a Terra nos ensejará.

-“Vem e segue-me!”- conclama o Senhor.

Ao optarmos por JESUS, compreendamos a imperiosidade da vigilância e da oração para que os perigos à sua volta não nos intimidem e as tentações de toda ordem não se convertam em angustiantes adiantamentos do Bem em nossas vidas.

A experiência terrestre não deve ser desperdiçada. O mundo é nossa escola.
Estuguemos, pois, o passo e veremos os obstáculos, sempre no rumo de Divino Amigo, almejando o futuro renovado com que o amanhã da Terra nos aguarda! 
 

(
Página psicografada em reunião pública da Casa Espírita Cristã, na noite de 05 de Agosto de 1991, pelo médium Júlio Cezar Grandi Ribeiro, na abertura das reuniões comemorativas alusivas ao “Mês de Bezerra de Menezes”, na Casa Espírita Cristã - Vila Velha/ES - Brasil).
Publicado por KATHLEEN LESSA
em 01/04/2010 às 15h00
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05/03/2010 12h57
DIAS DIFÍCEIS (J. Raul Teixeira)

            Há dias que parecem não ter sido feitos para ti.
           Amontoam-se tantas dificuldades, inúmeras frustrações e incontáveis aborrecimentos, que chegas a pensar que conduzes o globo do mundo sobre os ombros dilacerados.
            Desde cedo, ao te ergueres do leito, pela manhã, encontras a indisposição moral do companheiro ou da companheira, que te arremessa todos os espinhos que o mau humor conseguiu acumular ao longo da noite.

            Sentes o travo do fel despejado em tua alma, mas crês que tudo se modificará nos momentos seguintes.
            Sais à rua, para atender a esse ou àquele compromisso cotidiano, e te defrontas com a agrestia de muitos que manejam veículos nas vias públicas e que os convertem em armas contra os outros...
            Constatas o azedume do funcionário ou do balconista que te atende mal, ou vês o cinismo de negociantes que anseiam por te entregar produtos de má qualidade a preços exorbitantes, supondo-te imbecil.

            Mesmo assim, admites que, logo, tudo se alterará, melhorando as situações em torno.
           Encontraste com familiares ou pessoas amigas que te derramam sobre a mente todo o quadro dos problemas e tragédias que vivenciam, numa enxurrada de tormentos, perturbando a tua harmonia ainda frágil, embora não te permitam desabafar as tuas angústias, teus dramas ou tuas mágoas represadas na alma.

           Em tais circunstâncias, pensas que deves aguardar que essas pessoas se resolvam com a vida até um novo encontro.
           São esses os dias em que as palavras que dizes recebem interpretação negativa, o carinho que ofereces é mal visto, tua simpatia parece mero interesse, tuas reservas são vistas como soberba ou má vontade.
            Se falas, desagradas... Se calas, desagradas.
            Em dias assim, ainda quando te esforces por entender tudo e a todos, sofres muito e a costumeira tendência, nessas ocasiões, é a da vitimação automática, quando se passa a desenvolver sentimentos de auto-piedade.
            No entanto, esses dias infelizes pedem-nos vigilância e prece fervorosa, para que não nos percamos nesses cipoais de pensamentos, de sentimentos e de atitudes perturbadores.
            São dias de avaliação, de testes impostos pelas leis que regem a vida terrena, desejosas de que te observes e verifiques tuas ações e reações à frente das mais diversas situações da existência.
            Quando perceberes que muita coisa a tua volta passa a emitir um som desarmônico aos teus ouvidos; se notares que escolhendo direito ou esquerdo não escapas da crítica ácida, o teu dever será o de te ajustares ao bom senso.
            Instrui-te com as situações e acumula o aprendizado das horas, passando a observar bem melhor as circunstâncias que te cercam, para que melhor entendas, para que, enfim, evoluas.
            Não te esqueças de que ouvimos a voz do mestre nazareno, há dois milênios, a dizer-nos: no mundo só tereis aflições...
           Conhecedores dessa realidade, abrindo a alma para compreender que a cada dia basta o seu mal, tratarás de te recompor, caso tenhas-te deixado ferir por tantos petardos, quando o ideal teria sido agir como o bambuzal diante da ventania: curvar-se, deixar passar o vendaval, a fim de te reergueres com tranqüilidade, passado o momento difícil.
            Há, de fato, dias difíceis, duros, caracterizando o teu estádio de provações indispensáveis ao teu processo de evolução.
            A ti, porém, caberá erguer a fronte buscando o rumo das estrelas formosas, que ao longe brilham, e agradecer a Deus por poderes afrontar tantos e difíceis desafios, mantendo-te firme, mesmo assim.
            Nos dias difíceis da tua existência, procura não te entregares ao pessimismo, nem ao lodo do derrotismo, evitando alimentar todo e qualquer sentimento de culpa, que te inspirariam o abandono dos teus compromissos, o que seria teu gesto mais infeliz.
            Põe-te de pé, perante quaisquer obstáculos, e sê fiel aos teus labores, aos deveres de aprender, servir e crescer, que te trouxeram novamente ao mundo terrestre.
            Se lograres a superação suspirada, nesses dias sombrios para ti, terás vencido mais um embate no rol dos muitos combates que compõem a pauta da guerra em que a terra se encontra engolfada.
            Confia na ação e no poder da luz, que o cristo representa, e segue com entusiasmo para a conquista de ti mesmo, guardando-te em equilíbrio, seja qual for ou como for cada um dos teus dias
.

 


Adaptação de mensagem do Espírito Camilo, psicografada pelo médium J. Raul Teixeira, em 30.12.2002, na Sociedade Espírita Fraternidade, Niterói-RJ.

 

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04/03/2010 11h09
LEGENDA DOS DIAS (de Raul de Leoni)
LEGENDA DOS DIAS


O Homem desperta e sai cada alvorada
Para o acaso das cousas ... e, à saída,
Leva uma crença vaga, indefinida,
De achar o Ideal nalguma encruzilhada ...
 
As horas morrem sobre as horas ... Nada!
E ao Poente, o Homem, com a sombra recolhida,
Volta, pensando: "Se o Ideal da Vida
Não veio hoje, virá na outra jornada ..."
 
Ontem, hoje, amanhã, depois, e, assim,
Mais ele avança, mais distante é o fim,
Mais se afasta do horizonte pela esfera.
 
E a Vida passa ... efêmera e vazia:
Um adiamento eterno que se espera,
Numa eterna esperança que se adia ...

 

Raul de Leoni nasceu em Petrópolis (RJ) em 1895 e faleceu em 1926, em Itaipava (RJ) aos 31 anos, vítima de tuberculose.
Poeta brasileiro dos melhores, autor de sonetos notáveis, na verdade não pertencia a nenhuma escola literária específica. Ora parnasiano ora simbolista ora pré-modernista, Leoni encanta pela sonoridade de seus versos, ritmo, colorido, metáforas, pelo pensar filosófico que expressa nas temáticas poéticas,  com  clareza  e simplicidade.
Obras:
"Luz Mediterrânea" em 1922 e 2ª edição em 1928, à qual se acrescentou a coletânea de "Poemas Inacabados". 

Mais sobre o poeta:

http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/1831765
http://sardenbergpoesias.com.br/homenagens/historia_antiga/historia_antiga.htm
http://blogdospoetas.com.br/poetas/raul-de-leoni/
http://luzmediterranea.blogspot.com

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22/01/2010 02h22
EXISTIRMOS, A QUE SERÁ QUE SE DESTINA? (Caetano Veloso)
CAETANO VELOSO FALA DE CAJUÍNA *
                                                                                                                 

 
"Numa excursão pelo Brasil com o show Muito, creio, no final dos anos 70, recebi, no hotel em Teresina, a visita de Dr. Eli, o pai de Torquato. Eu já o conhecia pois ele tinha vindo ao Rio umas duas vezes. Mas era a primeira vez que eu o via depois do suicídio de Torquato. Torquato estava, de certa forma , afastado das pessoas todas. Mas eu não o via desde minha chegada de Londres: Dedé e eu morávamos na Bahia e ele, no Rio (com temporadas em Teresina, onde descansava das internações a que se submeteu por instabilidade mental agravada, ao que se diz, pelo álcool). Eu não o vira em Londres: ele estivera na Europa mas voltara ao Brasil justo antes de minha chegada a Londres. Assim, estávamos de fato bastante afastados, embora sem ressentimentos ou hostilidades. Eu queria muito bem a ele. Discordava da atitude agressiva que ele adotou contra o Cinema Novo na coluna que escrevia, mas nunca cheguei sequer a dizer-lhe isso. No dia em que ele se matou, eu estava recebendo Chico Buarque em Salvador para fazermos aquele show que virou disco famoso. Torquato tinha se aproximado muito de Chico, logo antes do tropicalismo: entre 1966 e 1967. A ponto de estar mais freqüentemente com Chico do que comigo. Chico e eu recebemos a notícia quando íamos sair para o Teatro Castro Alves. Ficamos abalados e falamos sobre isso. E sobre Torquato ter estado longe e mal. Mas eu não chorei. Senti uma dureza de ânimo dentro de mim. Me senti um tanto amargo e triste mas pouco sentimental.
Quando, anos depois, encontrei Dr. Eli, que sempre foi uma pessoa adorável, parecidíssimo com Torquato, e a quem Torquato amava com grande ternura, essa dureza amarga se desfez. E eu chorei durante horas, sem parar. Dr. Eli me consolava, carinhosamente. Levou-me à sua casa. D. Salomé, a mãe de Torquato, estava hospitalizada. Então ficamos só ele e eu na casa. Ele não dizia quase nada. Tirou uma rosa-menina do jardim e me deu. Me mostrou as muitas fotografias de Torquato distribuídas pelas paredes da casa. Serviu cajuína para nós dois. E bebemos lentamente. Durante todo o tempo eu chorava. Diferentemente do dia da morte de Torquato, eu não estava triste nem amargo. Era um sentimento terno e bom, amoroso, dirigido a Dr. Eli e a Torquato, à vida. Mas era intenso demais e eu chorei. No dia seguinte, já na próxima cidade da excursão, escrevi Cajuína".

                        Cajuína

                            Caetano Veloso

Existirmos: a que será que se destina?
Pois quando tu me deste a rosa pequenina
Vi que és um homem lindo e que se acaso a sina
Do menino infeliz não se nos ilumina tampouco turva-se a lágrima
nordestina
Apenas a matéria vida era tão fina
E éramos olharmo-nos intacta retina
A cajuína cristalina em Teresina.


Vídeo com a música aqui
Sobre Torquato Neto leia aqui    
                                      


      


* No Blog de Leni David, em 17/03/2009
    Matéria de Jorge Bastos Moreno, em  "OGlobo"  de  06/06/2006

    Escolha de fotos, vídeo e edição: KML

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em 22/01/2010 às 02h22
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28/11/2009 04h59
CÂNTICO II (Cecília Meireles)

 

Não sejas o de hoje.
Não suspires por ontens...
Não queiras ser o de amnhã.
Faze-te sem limites no tempo.
Vê a tua vida em todas as origens.
Em todas as existências.
Em todas as mortes.
E sabes que serás assim para sempre.
Não queiras marcar a tua passagem.
Ela prossegue:
É a passagem que se continua.
É a tua eternidade.
És tu.


           {Cecília Meireles}

 

 

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em 28/11/2009 às 04h59
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Os textos da autora têm registro no ISBN. Plágio é crime.