FRAGMENTOS E CISMARES 13
[AS ESCOLHAS]
Atalhos, esquinas, arroubos, esquivas, baús abertos, desvendar de segredos, seqüelas de decisões, indecisão... Posso passar minha vez?
As escolhas sempre nos confundem. Tanto as que nos acenam com bons frutos quanto as que nos prenunciam borrasca. Escolhas por ação ou por omissão. Feitas com consciência ou com destrambelho.
Ainda que tendo alguma receitinha boa na manga, dessas que se guardam de uma geração para outra, quem garante que o bolo não ficará solado? murcho? desandado?
Ah, se pudéssemos antever no que elas resultarão lá na frente...nosso saldo...
Todo dia, a cada hora, a todo instante sinto-me uma equilibrista na corda bamba, a sombrinha avariada. Ou uma jogadora de pôquer. Eu tento apostar no meu jogo, contar com certa sorte, adquirir profissional habilidade.
Mas a vida é vária, o tempo imprevisível e o destino é caprichoso...Absurdo.
Absurdo e volúvel. Num dia podemos ter nas mãos um royal straight flush; noutro, um reles parzinho de setes. Ou ganharmos quando as apostas forem baixas.
Por que justo comigo ?, pensamos... Sorte? Azar? Aquele dia, naquele instante, o sopro da voragem da vida sobre mim, o fado...E não sei se houve escolha nem o que se escolheu nem por quê!
Estranho... Qual a seleção anterior à que, de fato, se selecionou?
E eu, houvesse escolha, só queria poder caminhar pela vida por sobre um tapete persa espalhando flores, com graça e certeza, olhar determinado e esperançoso. Ser leveza.