SONETO DE UM AMOR ANTIGO
Nos teus olhos castanhos, retraídos,
No semblante algo leve e indiferente,
Nesta estranha apatia dos sentidos,
Que parecem dormir profundamente...
Na voz de timbre forte e transparente,
Ora embargada em soluços contidos,
Nas lembranças que avivam o presente
Tal qual perfume bom dos tempos idos...
Na saudade que teimo em disfarçar,
Fingindo não chorar neste momento,
Sem braços que me queiram abraçar,
Alternam-se alegria e sofrimento!
Habitam teus conflitos por me amar,
Subsiste meu amor sem alimento.