A MEMÓRIA INÚTIL
Mente e coração recheados de histórias,
Setores para cada sentido do corpo.
Meu melhor é o olfato;
Tudo vejo pelo cheiro.
A memória -
De que vale, entretanto?
Cada qual com a sua,
Isoladamente?
Hermeticamente lacrada aos demais?
Inicia-se e acaba em si mesma,
Fecha-se em seus limites.
Não há como dividi-la.
Quem conta, só conta.
Não planta no outro reminiscências!
Não lhe cabem as cenas,
As expressões do rosto,
Olfato, tato, paladar,
O ouvir, o olhar, a percepção intuitiva.
Não se lhe dão posse da sintonia fina,
Da captação de níveis,
Do vocabulário para autocomunicação.
Só um corredor de informações,
Passíveis de interpretação, de reformulação.
A memória é indivizível reino.
Não faz biblioteca, museu nem tombo.
À Memória e suas memórias falta um Memorial.
* imagem: Google