Kaleidoscópio Literário
a expressão de Kathleen Lessa
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          BEM QUE EU QUERIA...



 
Eu queria sim, acredite...
ir à feira de sábado,
dar aos cabelos um corte moderno,
fazer quibe com coalhada,
pegar margaridas no quiosque de flores,
tomar um expresso no shopping,
comprar novos travesseiros,
visitar um amigo doente,

buscar o melhor beijo,
ouvir blues no Bourbon Street,
assistir a "Birdman- a ignorância",
ir de bom grado a uma festa de casamento,
andarilhar pelo velho Bixiga boêmio...

Ou mesmo ficar em casa sossegada,
sem a ansiedade habitual,
corpo leve, sem quaisquer dores,
a cabeça esvaziada de perguntas e lucubrações,
vedar as janelas, isolar os barulhos da vida lá fora,
desligar telefones, tevê, computador,
sorver um lambrusco branco gelado, bem devagar,

queijo gorgonzola com damascos,
ouvir músicas zen,
estirar-me no tapete, descalça e semi-nua,
sentir em mim apenas a voz do meu amor.

Bem que eu queria...

Mas o sábado já se vai, já se foi.
Há uma infinita prostração no ar e em mim.
Bebo lágrimas tão tristes...
Bebo as vontades sus(r)tadas.
Quedo-me ao desânimo e fraqueza.

 
     Quem sou nestas horas?
     p
onteiros desajustados,
     bússola avariada,
     curvas perigosas do caminho,
     precipícios ladeando
     e nada da voz de Deus?

     E amanhã?
     Que farei das contas do rosário da melancolia?
     Da ciranda de letras que me atraem e não dou conta?
     Dos véus negros com que me venho cobrindo?
     Das verdades não ditas?

     Que faço com o belo pássaro canoro
     que para mim sorri e saltita
     se não lhe sirvo sequer de gaiola?

 
Passa, vida, passa...
Passa logo,
que a espera agonia
o desespero de se saber passar.


Voracidade do meu tempo...
Se houver novos dias
como serei eu?
Prefiro já não estar.





imagem: FlickR
 
 
KATHLEEN LESSA
Enviado por KATHLEEN LESSA em 20/05/2015
Alterado em 21/05/2015
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