FRAGMENTOS E CISMARES 06
[VAGAS ALMAS]
"Dessas tristezas incertas,
esparsas, indefinidas...
como almas vagas, desertas
no rumo eterno das vidas."
(Cruz e Souza)
Perguntas-me?
Sou o avesso do que pensas que sou e o direito do que pensas que não sou.
Sou a idéia que vive na tua idéia e és a idéia que vive em mim.... E se bem somos, só existimos quando pensados um pelo outro... Simbiontes.
Errantes... Almas vagantes. Cruzam-se e ora se ligam ora se estranham...
Vagos sentires...vagalhões num oceano de sabores, molti sapori di te e di me...sapore di sale, sapore di mare , un gusto un po amaro, di cose perdute, di cose lasciate... Pensamentos e desejos fluidos...sulla pelle, sulle labbra... uma bolha de mar sobre a areia leve... uma lente... um espelho d'áqua... nós.
Fluidos diáfanos, na superfície da pele... nas profundezas d'alma.
Chamam de Amor essa vaguidade, essa sensação de um pleno vazio cheio, essa flutuação ardente que só se reconhece e existe quando o outro acolhe com a mesma sintonia, esparsa.
Amor que vem, une, confunde, nos abraça e que tal qual uma onda cresce,
se eleva, diminui, espraia e um dia, passa...
Passa. Como tudo.
A promessa do eterno não dura uma eternidade.
A eternidade não tem medida.
*1.
"sapore di sale/ sapore di mare /un gusto un po amaro /di cose perdute/ di cose lasciate"...
trad. = "sabor de sal/ sabor de mar / um gosto um pouco amargo/ de coisas perdidas/ de coisas deixadas"...
2.
"sulla pelle / sulle labbra"...
trad. = "na pele/ nos lábios"...
Versos da canção de Rino Balioni, "Sapore di Sale" , anos 60, interpretação de Gino Paoli.