Eu as vejo.
Não sei se me veem
mas transito entre elas.
Tão perseverantes
e eu, altibaixos.
Trafegam pelos rejuntes do piso vitrificado
como em passarelas cândidas.
Formigas. Em footing.
A morte sempre presença.
Sou um corpo e sua sombra...
o passeio solitário
esbatendo-me nos azulejos,
entre claros e escuros,
barco intimorato em tribulação.
Por mim transitam ondas
de frio e calor,
a timidez e a ousadia,
pétalas sedosas e folhas ásperas,
riso e sisudez,
algazarra e silêncio,
zelo e desvario,
ordem e anarquia,
calmaria e tempestade.
Prosa e poesia.
Ora o inseto ora o açúcar,
circulação,
pulmões e coração,
sanguíneo veio baço.
Impressões.
Trilhas.
Mudança de curso.
Porque num dia
eu sou eu,
noutro
sou o avesso de mim.
Imagem: tela de Willian Turner
Interação do poeta THOR MENKENT
Entre telhados vitrificados,
anda o poeta:
vertiginosamene
a transitar entre sonhos
e quedas;
paradoxalmente
a semear entre flores
e merdas;
inexoravelmente
embriagado e confundido
em suas próprias
facetas,
a voar entre claros e escuros,
reflexos.