Durante o repouso das aves,
No romper das notas dos jasmins,
Serei terreno morno
Que aguarda,
À espera de que possas vir,
Quem sabe de uma aeronave despencar,
Para ficarmos juntos ainda outra vez.
Quero roubar teus sentidos à mão armada,
Assaltar teu corpo,
Raptar teus sentimentos
Como larápia desavergonhada.
Quero pegar-te desarmado
Numa hora qualquer desta noite
(ou amanhã, não importa...),
Que teu coração se surpreenda,
Se assuste e se enrede em meus afetos,
Sucumba aos meus fazeres,
Que transfigure teu desejo,
O derradeiro como o primeiro.
Depois,
Da prisão dos gemidos liberados,
Dos instintos amplamente compensados,
Sentir nossas correntes se partindo
No auge de apertos e abraços sôfregos,
Na gula de salivas que buscam nossas bocas,
Na fúria dos cabelos misturados!
O cio - repentino e anunciado.
O amor no peito, revolto,
A paixão fincada pela adaga.
E tarde, muito mais tarde, e por toda a vida,
Hão de narrar na vila o estranho crime
Entre um homem viajante
E uma mulher abandonada.
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