Escrevi certa vez que "as pessoas não morrem. Apenas escapam à nossa visão, adormecem longe de nós, num campo de flores e Luz. Respiram e pulsam num espaço distante. "
Eu acredito nisso. Verdadeiramente.
Porém, como o coração se aperta, o ânimo se revolta, o pensamento se indaga e não aceita quando um ente querido parte para sua nova morada! As lágrimas correm, viram cascata, viram rio, formam um oceano. Naufraga-se.
Como estou ficando sozinha, meu Deus! Nesse 2013 já foram sete pessoas. Estou passando o ano sem chão. Para a dor da morte não há remédio nem lenitivo. Sequer o tempo resolve.
Conheci Aldo Lopes no Recanto das Letras. Por causa de um poetrix. O tema era saudade. Meses depois conheci melhor Aldo Lopes em seu apartamento. Moramos em bairros vizinhos. Desde então foram muitas conversas, telefonemas, toda noite uma "tricotagem", almoços, jantares, passeios de carro, idas a médicos, a espiritualistas, poesias a quatro mãos, risadas, broncas, presentes, flores, manifestações políticas, tantas coisas fizemos juntos!
Muitas vezes eu fraquejava diante dos meus problemas e ele sempre tinha uma palavra para me reerguer. Amoroso e amigo. Engraçado e irônico. Franco além da conta. Mordaz e exigente. Perfeccionista. valente, corajoso, determinado, lutando contra problemas de saúde desde antes de eu o conhecer, há sete anos. Gostava de festas, de Carnaval, de música, de futebol, de viajar. Morava num apartamento lindo, cheio de plantas e predomínio da cor branca!
No sábado, dia 7 de setembro, arrumou as trouxas e partiu.
Aos 57 anos.
Não me avisou.
Não gostava de despedidas. Talvez tenha sido isso.
Contou-me hoje sobre seu passamento um poeta e amigo comum, o Fernando.
Estou me sentindo náufraga. Ferida.
Saudade, amado Aldo! Saudade doída.
E agora? Como será?
Desta São Paulo que você amou e que o amava tanto, mando-lhe um beijo tardio mas eterno e um punhado de flores coloridas.
Obrigada pela convivbência e companhia.
Vá preparando trovinhas para eu responder quando nós nos reencontramos, amigo. Como eu gostava dessa interação! Como eu gostava de você, bahiano Aldo Lopes!
Que, finalmente, esteja na Paz, na Luz e no Azul.
Mais do que ninguem, é assim que você merece estar.
Gente nasce e morre para brilhar, encher-se de purpurina, não é?