TRANSITORIEDADE
Sei que não sei nada...
Sem grande metafísica.
Quando penso que,
Logo descarto a ideia de.
Pode ser cilada da mente,
Perfídia do coração,
Uma peia da vida...
Tudo pode acontecer e nada ser.
Não acontecer e despertar.
Sou provisória.
A existência é provisória.
E se eu soubesse alguma coisa
Mesmo assim seria provisional.
O conhecimento,
A beleza,
Os bens, o poder, as pessoas,
As veleidades,
As penas,
As unhas prontas,
Até mesmo os erros,
São vento feito.
Depressa tudo é ontem.
Espírito e corpo, transeuntes.
De passagem ainda
Os beijos roubados,
O tempo poupado,
A palavra difícil,
A calejada discussão,
Os sentimentos construídos,
Os votos mal-vindos...
(talvez)
As noites violadas das vielas do nosso ser.
As certezas descobertas em rodas de papo.
As gruas que nos põem de pé.
Transitivo é o momento:
Suspira-se e segue-se em frente.
Coragem ou não, pouco dura.
Não sei nada, bem sei...
Minha pequenez de mortal
Não se esconde sob vestes nobres...
Minha pele alva e perfumada
Não se desvencilha dos vermes sob ela...
Meus diplomas de bacharelato
Não me isentam da ignorância do viver...
O amor também dura um átimo.
Angustio-me, temo
Mas já não me importo.
Importa-te?
Descalça... sempre descalça,
Pés acordados sobre as texturas,
Sobre as efemeridades.
E tu, quem és?
foto: google