DE MENTIRA ESTA VIDA
projetos muitos,
que duram pouco...
pretende-se ouro,
recolhe-se cascalho...
cuida-se dos dias
sem saber, sob neblina,
o que de certo se amanha:
a impermanência, o fim.
horas mortas,
vias tortas,
flores do mal
no jarro da vida...
sem luz nem perfume,
sem harmonia nem sopro,
elas ficam ali, sádicas,
a espreitar nossa sina...
iquebanas sem tradição,
toscas e mal espetadas
na esponja vermelha,
que se chama coração.
[Para Adah, poeta maior.]
foto: Roger Yall