Textos
FRAGMENTOS E CISMARES 04
[A BAILARINA E O POETA]
Sou viajante da noite. Respiro as madrugadas, conjeturo cenas, arfo...
Ausculto o coração, curo feridas, afio a resistência, mesmo sabendo que sangrarei novamente...
Empresto-me a magia e a força do Elfo de Lua.
Sou silêncio nas horas escuras, mas faço muito barulho durante o dia.
Venho cá, dispo-me ante teus versos e às vezes não tenho certeza sobre o que li. Já te li de tão diversas formas!
Li de fato o Poeta? Ou divaguei numa palavra e creio ter lido o que Poeta escreveu, mas que na verdade não escreveu, senão eu que criei o que penso ter lido?
Abraç(s)o-me às tuas palavras e saio dançando! Não queiras que eu as entenda todas. Bailar com elas me dá prazer e não quero contar os passos da dança, perguntar que ritmo é. Bailar me basta. Deve bastar-te também saber que nelas me envolvo como num xale com fios de ouro, com fios de seda sobre o corpo alvo e desnudado.
Envolvo-me mas continuo nua.
E danço sob a luz difusa. Uma vestal nua, de sapatilhas vermelhas. Cetim nos pés de uma mulher alfenim. Se sim...Assim.
Serei parte do teu diário ou narrativa, queiras ou não... Porque tu escreves e eu danço.
Do modo como melodia e letra fazem uma canção. "Se às vezes digo que as flores sorriem
E se eu disser que os rios cantam,
Não é porque eu julgue que há sorriso nas flores
E cantos no correr dos rios...
É porque assim faço mais sentir aos homens falsos
A existência verdadeiramente real das flores e dos rios.
Porque escrevo para eles me lerem, sacrifico-me às vezes
À sua estupidez de sentidos." [Fernando Pessoa]
Dedico este cismar aos poetas com quem converso em pensamento e versos, ou pessoalmente - a interação poética entre os que são amigos.
KATHLEEN LESSA
Enviado por KATHLEEN LESSA em 23/03/2007
Alterado em 27/06/2012
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