EM TEMPO, AFINAL ...
Onde a luz que me acordava os dias?
Vai-se o outono,
Vem o inverno
E de estação em estação
Fio outros sonhos,
Baldo antigos.
O tempo range-me os dentes.
A morte afia a gadanha.
O chão ensaia aberturas.
Quem sabe na primavera
Possam florir minhas quimeras,
Atapetarem de sol os fatos.
Talvez haja girassóis suspensos em nuvens,
No campo e cidade,
Esperançosos ainda,
Em todos os jardins e janelas.
Réquiem.
Amém.
Imagem: Mel Gama