"É interessante ler poetrix de amigos. Às vezes eles nos levam aos outros mundos, a outras interpretações que nem o próprio autor imaginou. Este é um dos caminhos que mais gosto destes pequenos poemas, pequenos na escrita, porque nos dizeres, são verdadeiros gigantes. Vai aqui a minha leitura sobre dois destes poemas da minha querida amiga Kathleen Lessa.
(AD)VENTO
A (real)idade não existe...
Ao vento (a)vento-a,
(In)vento-a. Ventoinha.
Já, no título, percebemos a preocupação da criatividade que se estende para todo o texto. É curioso notar na autora, a preocupação da escolha das palavras que oferecem duplo sentido, isto deixa claro que a intenção não era apenas a de escrever mais um texto, mas sim brincar com ele de uma forma agradável e exuberante. O primeiro verso, de forma subliminar, nos diz que a real idade não existe. No segundo e terceiro versos, a autora faz um belo jogo de palavras, para dizer que inventa a real idade. A palavra “ventoinha”, uma peça de carro que serve para resfriar o motor, aqui ela funciona como um ventilador que espalha a real idade para o seu mundo e o mundo exterior. Além de todas essas leituras, destaco a pontuação do poema, um elemento importante no contexto do Poetrix.
Outro Poetrix belíssimo...
Ah, Maquiavel...
O mundo está vazio
De atitudes honestas,
A que meios justifiquem fins
Um título excelente, bem pensado. Ao invés de usar uma exclamação no final, a autora usou a reticência, como se dissesse: vai, continua, sonha.
No primeiro verso ela diz que o mundo está vazio. Eu pergunto: e não é verdade?
Maquiavel disse: “O homem prudente deve seguir sempre as vias traçadas pelos grandes personagens...”. Quando a autora diz que “o mundo está vazio//de atitudes honestas”, ela está nos questionado quanto às lições de Maquiavel; que nós estamos seguindo personagem errado; que estamos sendo levados por aqueles que usam de todos os meios desonestos para justificarem seus atos ilícitos.
Quando a autora se refere a Maquiavel, ela nos abriga a uma reflexão política, nos leva a pensar em algo maior do que o próprio poema. Neste caso, o Poetrix serviu como um trampolim, o mensageiro de fala.