POEMA PARA A AMIZADE DESCONFIADA
Nada de esforços além da conta.
Cansei.
Sem outras explicações.
Só eu e minha inocência.
Corre a lenda e crê quem quer.
Semente plantada, colheita a seu tempo.
Venda preparada, põe-se preço:
Há urubus sob pele de cordeiros
E cascavéis prometendo cura no veneno
Matildes boquiabertas
Em vestes de beatas
Atiradores de pedras
Incriminando mártires
Almas possessivas
Cercando exclusividade
Difamadores e desonestos
Ungidos de óleo santo
Flores de acácias
Sem glomérulos perfumados
Pessoas que afastaste
E retornam com sorrelfa
Argumentos torpes,
Velas para deuses e demônios.
Tramas sórdidas
Em que sórdidos te envolveram.
Uma procissão surge à tua frente,
Saqueadores e oportunistas da vez.
Outra vez...
Qual tua cota neste latifúndio?
Desconfiar não cabe na Amizade.
Amizade é lealdade.
Areia do deserto cega, confunde.
Cinco anos não são dois.
O que se vê agora
Não se verá depois.
Registra a frase.
No saldo,
Ver-se-á quem ficará.
Desisto da luta...
A caravana passará.
Estarei ao fim do seu trajeto,
Já finda a poeira.
Apeia do camelo.
Haverá água fresca e tâmaras,
Um tapete onde repousar,
Tempo azul por tua volta.
Se, porém, seguires,
Não me quiseres ver,
Desfrutar da hospedagem antiga,
Vá em paz.
Comigo,
O cofre das boas lembranças,
Que um dia existiram.
(Existiram sim...)
Para você. Sempre.