BALÉ DE AMOR
Dispo-me de pudores.
Visto-me de fantasia.
Um balé.
Coreografia íntima.
Tu e eu.
Nós e laços.
Vem, meu bicho inquieto,
Faz de mim tua morada,
Onde o amor é o clima,
À clara luz ou penumbra,
No amanhecer e no ocaso,
Nos vapores da fosforescente madrugada.
Vem sedento, pleno de ardor!
Traz-me teu desejo e sedução,
Envolve-me no teu cheiro,
Sussurra-me tua voz,
Colhe meu beijo
Como se fora o primeiro
E o último da minha vida...
Deixa que minhas mãos, ávidas,
Explorem teus cantos e ângulos.
Vem, cheio de saudade!
Afaga-me... minuciosamente...
Pétala a pétala.
Véus que se desenrolam,
Pele e tons que se expõem e misturam,
Roçam-se e dançam.
Corpos que se enlaçam,
Palco giratório.
Braços dentro de braços, em movimentos vários.
Balé tangado.
Sou o perfume que te inebria,
Tua açucena vermelha.
És meu sementeiro,
Meu zeloso jardineiro.
Somos balé de primavera,
Desabrochados de paixão.
O compasso é nosso,
Nosso o andamento,
Um tempo que não tem fim.
Tela: Talantbek Chekirov