MADRUGADAS
Ah, as madrugadas...
Perfumes antigos de carícias antigas roubam-nos o sono...
O ar falta porque a angústia sufoca...
Porque a solidão perturba o sossego...
Nutre a loucura,
Cristaliza a tristeza...
O pensamento voa sem rumo
(e sem lógica).
Que somos nessas madrugadas sós?
Em que o silêncio é mais silêncio,
Nunca acorda?
Ah, as madrugadas...
Os sonhos se lançam às ruas
Qual tropel de cavalos alados, em vigília...
Correm, criam magia, ilusão,
Libertam os desejos,
Céleres, desembestados!
Sonhos confusos mas esperançosos
De que vinguem ao nascer do dia...
Aspiram a nascer flores no jardim.
Ah, meu inventário de lembranças...
Que escrevo nessas madrugadas,
Densas e esquizofrênicas,
Fosforescentes de neblina,
Mas belas! Voluptuosamente belas.
Deito-me no ventre delas...