SAUDADE ÚNICA
Saudade, muita saudade dos versos
Que encantaram meus olhos,
Que cobriram meu sono,
Que me despiram ao amanhecer,
Alegres, com iniciais coloridas.
Saudade daqueles desvelos,
Dos risos e gemidos,
Das discussões e lágrimas...
Do ímpeto que nos fazia correr,
Novamente, aos braços já abertos,
Da modulação daquela voz...
Amor... Amor... Amor desatinado,
Extasiado e veemente de paixão!
Tão sôfrego quanto derramado!
Tão liberto quanto enciumado!
Que quer a vida quando planeja estragos?
Quando interpõe uma flecha terceira
Que, aventureira, ao acaso
(destino?)
(tempo?)
Sangra as flechas unidas em par?
A noite hoje, vermelha de sangue,
Traz o corvo que grasna Nevermore.
Nevermore os flocos de algodão
Sobre o terreno forte e agreste,
A mestiçagem que nos uniu.
São Paulo, 5/02/2010 , 20:45