BRUXA QUE JÁ FOI BRUXA
Saiu por uma porta,
Entrou pela outra.
Pensem noutra.
Diferente.
Perdeu seu papel malévolo,
Abandonou os contos infantis,
Não mais atemoriza ninguém.
Não prepara filtros de amor
Nem espalha sortilégios;
Não se disfarça em fada-madrinha
Nem abre o Livro Secreto.
Não mais Sibila, Cassandra nem Circe.
Nem conheceu Eastwick.
Esvaziada do Mal,
Perambula pelo zênite
Em piruetas fantásticas
Para que dela (ainda) se lembrem,
Por rito e tradição.
Corta o espaço nos claros da lua,
Escreve em purpurina presságios benfazejos,
Apinha de votos o manto do céu!
Houve um tempo glorioso,
De poder e sugestão:
Operava o destino, tornava-o Fatu
E enlaçava-se sem pudor ao Príncipe do Ar
Nas noturnas festas sabatinas .
Modernizou-se.
Globalizou-se.
Hoje carrega a bandeira do Bem
E vela pela Fantasia.
Traz risos e alegria às crianças,
É data de festas e brincadeiras,
Aceita em todas as casas.
Frequenta a internet,
É tema de poesias,
Protege o meio ambiente,
Não sacrifica animais.
Fogueira só em São João.
Povoa o Imaginário dos amantes,
Glamourizou-se
E descobriu a paixão.
... Mas há tanta poluição!