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FRAGMENTOS E CISMARES 26
[BRAÇO AMIGO]
Tempos de tanta falta! De falta de conversas, de troca de amizade companheira.
No ar reina a dificuldade; certa porteira que não libera o encontro do afeto, que existe, existe sim.
"Vamos nos encontrar?"
"Sim"
"Quando?"
"Não sei. Marcaremos."
E...
Acabo por me lembrar da canção Sinal Fechado...
"Quando é que você telefona? Precisamos nos ver por aí..."
"Pra semana, prometo, talvez nos vejamos..."
Quero um braço amigo enlaçado no meu!
Imagino sairmos juntos, o meu braço noutro braço, para um passeio no parque, um sorvete crocante de baunilha na confeitaria da esquina, uma troca de confidências ao cair da tarde, a emoção diante de uma exposição de arte, a novidade de um filme norueguês, a descoberta de um livrinho de contos infantis, raro, encontrado num sebo da velha São Paulo, um café expresso no Franz Café para contar as novidades, comentários sobre os poemas de um amigo comum que escreve muito bem, um vinho acompanhado de jazz, almoço mineiro com uma talagadinha de Tabaroa, um telefonema longo numa noite sombria...
O riso nascido do nada e que diverte.
A vibração com os êxitos, a lágrima diante das derrotas, o olhar generoso diante das aflições e dúvidas.
É assim que gosto de fazer com as amizades preciosas.
Dar e receber gostosura, presença, lealdade.
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Quero envolver esse braço amigo em algodão-doce! (*)
Topa, amigo?
[A todos os amigos que ensaio encontrar e não consigo, com meu pedido de desculpas. Impossiblidades minhas, na maioria das vezes...Peixão, Bittar, Carlos, Paula, por exemplos.]
(*) referência ao meu poema "Há Amigos" :
KATHLEEN LESSA
Enviado por KATHLEEN LESSA em 17/12/2008
Alterado em 18/02/2010
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