SEM AMENIDADES
Quem melhor sabe dos ares de deserto,
Dos ventos de poeira, os ghiblis?
A secura das mãos vazias,
A secura do coração decepcionado,
A secura dos pés cansados,
Rachados de tanto andar em círculos,
Ermos, a solidão na geba.
A secura de olhos, fixos,
Sem fluido de lágrimas nem esperas,
Turvos de tantos sonhos acumulados.
A secura e sulcos fundos nos lábios,
Incapazes de palavras afáveis e doces.
Sempre foi assim?
Até onde a vista alcançava,
Sempre foi assim.
A poeirama e os lamentos.
Os tuaregues habitando os pensamentos.
A criança que se envolvia nas rajadas do vento,
Que nele ouvia poesias.
A aridez do deserto desertou para a minh'alma.
A aspereza da vida assentou-se à minha porta.
Pó.
Só.
Vim do pó, a ele tornarei.
Evaporação de décadas em segundos.
Sozinha,
Como vim.
Desertada.