(AUTO)REDENÇÃO
O vento que venta forte no teu rosto,
espalha os cabelos,
fustiga os neurônios,
desalinha a alma.
O vento que venta forte e te sacode,
deixa-te as mãos brancas de sal,
punhados para jogar por sobre os ombros,
livrar a má sorte.
O vento e as cinzas dos ramos de oliveiras,
sinal da cruz com cinza na testa...
O vento e as gotas d'água, espargidas,
que se esperam bentas e últimas!
... E quem resiste?...
Tu.
Eu, não...
Que já viveste o processo de salga,
que já passaste por estações malditas
e te livraste do sangue de ancestrais
demônios cativos.
Em comum, só as lágrimas
e o desterro que nos impusemos.
O vento nos remirá.
foto: Charles Cerulla