fareja a noite e se perde no breu...
encolhe-se, fustigada por ventos...
há uivos que não sabe de onde vêm,
árvores que se encolhem de medo...
passos chafurdam nas poças enlameadas,
urubus voam fora de hora,
pousam sobre lixos, corações em decomposição...
no ar o odor enxofrento
e latidos e vozes lamentosos...
vultos surgem, andam em círculo
compondo a roda dos anos:
os sim e os não.
os acertos e erros.
as intenções e os despropósitos.
há feridas, peso, angústia...
dor, muita dor...
há uma redoma protegendo a paisagem hostil,
guardando-a num vácuo, estranhamente.
dela Ela não pode escapar.
é seu martírio! sua purgação!
a Consciência [em seu hábitat]
debate-se.
foto: César Augusto (Flickr)