Ela o viu ali,
sentado sozinho à mesa
daquele boteco
vazio,
a tricotar
versos pálidos e imperfeitos
entre um e outro gole
de vinho tinto:
“Se já disse
mil vezes que te amo,
e que sempre fui sua
(somente sua)
porque
me choveu tanto,
como que a não crer
minhas palavras,
como que
a querer tolher a minha
sagrada liberdade,
meu amor!?”
Ele a mirou
nos sorumbáticos olhos,
refletiu por alguns segundos
e mostrou-lhe o avesso
do reflexo:
“Bem, penso que
amar (como ser livre) não é
para qualquer um,
não;
amar e ser livre
é só para os que têm força
e coragem de se estabelecerem
entre desérticos
limites!"
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
*