Lembradas as palavras de Bertold Brecht (1898-1956):
Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso:
Eu não era negro.
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso:
Eu também não era operário.
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável.
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei.
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.
__ As de Martin Niemöller, teólogo, líder protestante da resistência Nazista, que adaptou o poema para um sermão, por volta de 1933:
Quando os nazistas levaram os comunistas, eu calei,
porque, afinal, eu não era comunista...
Quando eles prenderam os sociais-democratas, eu calei,
porque, afinal, eu não era social-democrata.
Quando eles levaram os sindicalistas, eu não protestei,
porque, afinal, eu não era sindicalista.
Quando levaram os judeus, eu não protestei,
porque, afinal, eu não era judeu.
Quando eles levaram a mim,
não havia mais quem protestasse.
__ De Claudio Humberto (colunista, jornalista) em 2007:
Primeiro eles roubaram nos sinais, mas não fui eu a vítima,
Depois incendiaram os ônibus, mas eu não estava neles;
Depois fecharam ruas, onde não moro;
Fecharam então o portão da favela, que não habito;
Em seguida arrastaram até a morte uma criança, que não era meu filho...
__ De Eduardo Alves da Costa, "No caminho com Maiakovski" (anos 60) deixo um pequeno trecho. Noutra página desse blog o poema na íntegra.
Na primeira noite eles se aproximam
Roubam uma flor do nosso jardim,
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
Eu me importo e não me calo.
Kathleen