Kaleidoscópio Literário
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Meu Diário
09/01/2011 07h17
O PEQUENO PRÍNCIPE (por Rosane Villela)


Por ser "O Pequeno Príncipe" uma obra bastante conhecida pelo público através dos meios audiovisuais, é indispensável a sua leitura. Do livro nascem os olhares, e é nele, em seu recolhimento, que a consciência do homem se expande. No silêncio das palavras que jorram o infinito.
Num mundo, onde a pressa edita a agonia da servidão ao tudo-pronto-e-fácil; onde famílias não mais se sentam juntas à mesa para conversar; onde se articulam, cada vez menos, palavras para dialogar; onde a lei descambou para o oportunismo e a amoralidade; onde os homens se desrespeitam, indiferentes aos sentimentos que nem sabem traduzir; e onde o tempo desfila distraído e sem rumo, reter os passos num livro que aponta caminhos opostos, não é apenas necessário. É urgente.
Trabalhar os valores e as reflexões que O Pequeno Príncipe levanta, acrescenta a nossa humanidade o que, talvez, ela tenha esquecido ou relegado ao segundo plano.
E, para que esta obra seja apreciada em sua essência, ela deve ser lida com o coração e com os olhos da infância que não temem o vôo da imaginação e enxergam sem ver. Somente assim será possível a percepção do elefante sendo digerido pela jibóia (desenho do menino Exupéry, que aparece na primeira página), e a não aceitação da explicação limitada do adulto de que tal desenho seria um chapéu. 
                              
Desilusão, medo, orgulho, vaidade, ternura, amor, maldade, espanto, prepotência e esperança são alguns dos sentimentos que estão subjacentes à história. Sentimentos ilustrados em certas passagens que nos remontam às fábulas — pela narração alegórica que encerra uma lição moral e cujas personagens são animais, como a raposa e a serpente —, ou que, principalmente, nos remete às parábolas — pela narração na qual o conjunto de elementos evoca, por comparação, outras realidades de ordem superior ou moral —, esta última um artifício mais presente em toda a obra, inteligentemente usada como técnica pedagógica. Antoine de Saint-Exupéry sabia que, deixar um ensinamento "escondido" em parábolas, sem predispor seus leitores à censura prévia, a nenhum pré-julgamento, até a total compreensão e consequente correta interpretação delas, possibilitaria o fenômeno da sua aplicação universal em todos os tempos, adaptada às situações semelhantes... 
Aparentemente simples, O Pequeno Príncipe contém entrelinhas de profunda filosofia, que reforçam a visão diferenciada e, na maioria das vezes, antagônica de mundo que crianças e adultos apresentam. E é a universalidade desta filosofia que repousa na importância das coisas simples e dos sentimentos, que faz com que edições desta obra se repitam incansavelmente.
                              
Plenas de simbolismo, as personagens de O Pequeno Príncipe se interpõem para que o equívoco da valorização do ser humano, baseada na avaliação do que ele possui — e não do que ele sente e tem a oferecer como ser solidário e fraterno —, possa ser esclarecido e, ao mesmo tempo, sepultado. Esclarecido, através da crítica à primazia do ter sobre o ser, exemplificada nas personagens diversas, e, sepultado, metaforicamente, através da "viagem", que o pequeno príncipe faz de volta ao seu planeta. Um ser que precisa "viajar", ou seja, morrer, para poder renascer.
Como uma estrela para brilhar, rindo, iluminando a Terra. Somente assim, a solidão humana não reinará soberana e haverá alguma possibilidade de sua salvação na nova criança que, então, surgirá. 
 
 
Rosane Villela
março, 2008
http://www.germinaliteratura.com.br

ilustrações adicionadas por KML
Publicado por KATHLEEN LESSA
em 09/01/2011 às 07h17
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