O Homem desperta e sai cada alvorada
Para o acaso das cousas ... e, à saída,
Leva uma crença vaga, indefinida,
De achar o Ideal nalguma encruzilhada ...
As horas morrem sobre as horas ... Nada!
E ao Poente, o Homem, com a sombra recolhida,
Volta, pensando: "Se o Ideal da Vida
Não veio hoje, virá na outra jornada ..."
Ontem, hoje, amanhã, depois, e, assim,
Mais ele avança, mais distante é o fim,
Mais se afasta do horizonte pela esfera.
E a Vida passa ... efêmera e vazia:
Um adiamento eterno que se espera,
Numa eterna esperança que se adia ...
Raul de Leoni nasceu em Petrópolis (RJ) em 1895 e faleceu em 1926, em Itaipava (RJ) aos 31 anos, vítima de tuberculose.
Poeta brasileiro dos melhores, autor de sonetos notáveis, na verdade não pertencia a nenhuma escola literária específica. Ora parnasiano ora simbolista ora pré-modernista, Leoni encanta pela sonoridade de seus versos, ritmo, colorido, metáforas, pelo pensar filosófico que expressa nas temáticas poéticas, com clareza e simplicidade.
Obras:
"Luz Mediterrânea" em 1922 e 2ª edição em 1928, à qual se acrescentou a coletânea de "Poemas Inacabados".
Mais sobre o poeta:
http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/1831765
http://sardenbergpoesias.com.br/homenagens/historia_antiga/historia_antiga.htm
http://blogdospoetas.com.br/poetas/raul-de-leoni/
http://luzmediterranea.blogspot.com