Kaleidoscópio Literário
a expressão de Kathleen Lessa
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Meu Diário
08/08/2010 00h00
Poemas de RILKE

Os Poetas se têm Disseminado


Os poetas se te têm disseminado
(tempestade através das linhagens de todos),
mas eu quero de novo interpelar-te
no vaso que te dá tanta alegria.
Andei errante por diversos ventos;
mil vezes eras tu que me empurravas.
Tudo que encontro, eu trago;
como taça, de ti faz uso o cego;
bem fundo te escondera a criadagem
mas o mendigo te mantém na altura,
e muitas vezes junto a uma criança
boa parte de teu sentido estava...
Bem vês que eu sou alguém que anda à procura.
Alguém que atrás das mãos
anda escondido e assim feito um pastor.
(Tu podes esse olhar, que o enraivece
- o olhar dos outros - dele desviar.)
Há um que sonha coroar-te a ti
e acabará coroando a si mesmo.


Deus, que será de ti? 
 
Deus, que será de ti, quando eu morrer? 
Eu sou teu cântaro ( e se me romper? )
A tua água ( e se me corromper? )
Sou teu agasalho, sou teu afazer.
Vai comigo o significado teu.
Não tens mais sem mim aquela casa, Deus,
Que com quentes palavras te acolhia.
Perdem teus pés exaustos as macias sandálias:
Também elas eram eu.
De ti desprende-se o teu longo manto.
O teu olhar, que a minha face, quente
coxim acolhe, virá entrementes,
virá procurar-me longamente
e deitar-se depois, ao sol poente,
entre pedras estranhas, nalgum canto.
Deus, que será de ti? 
Tenho medo, tanto! 
 
 
[Rainer Maria Rilke nasceu em Praga no dia 4 de dezembro de 1875 e morreu no dia 29 de dezembro de 1926 em Valmont ]

Publicado por KATHLEEN LESSA
em 08/08/2010 às 00h00
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