Crônica de Artur da Távola
O afeto permite estender a compreensão a níveis extensos, intensos e profundos, em latitude e longitude. Só o afeto prévio permite – a posteriori - a crítica verdadeira, a análise adequada.
A falta de afeto bloqueia qualquer forma de compreensão, porque impede a possibilidade de estender uma ponte ou de acender a luz
de uma oportunidade de encontro, sintonia, empatia, aceitação, etc. entre dois seres.
Há um conhecimento que só é possível através da compreensão. Não é o único conhecimento possível. Mas é o que permite ir mais longe e mais fundo na pessoa ou coisa conhecida. Compreender é, portanto, aceitar o próximo, traduzir, interpretar, é ser capaz de entendê-lo imediatamente com a luz do afeto, para só depois
o definir com a luz da razão.
Para a plena compreensão do outro é fundamental abrir mão, por momentos, do próprio ego.
“Com-preender” significa "com+prender", isto é, estar com o outro incorporado dentro. E prender, tem, também, o sentido de ligar, atar, acender, trazer consigo, guardar. Para tal, só a cabeça e a razão pouco podem. Embora ajudem. É preciso umedecê-las com o afeto, base de qualquer impulso capaz da compreensão verdadeira.
É preciso não julgar. Ou só julgar depôs de aceitar o próximo. Este
é um velho princípio que faz parte da revolução cristã, até hoje pouco ou nada praticada mesmo por religiosos de todos os matizes. Aceitar o próximo é a capacidade de amá-lo antes de julgá-lo.
Como é difícil!
Num sorriso, no doce olhar e na recusa de emitir qualquer julgamento está a atitude de vida positiva. Está o nítido impulso de compreensão nascido da capacidade de aceitar.
E ser aceito representa felicidade para qualquer pessoa.
Publicado por KATHLEEN LESSA
em 06/05/2009 às 15h46
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