DIAS DE MARASMO... e um poema de SARAMAGO (kml)
Ando sem vontade de escrever. Melhor dizendo: sem prazer em escrever.
Ando ensimesmada...
Penso, penso e não debulho as favas no prato à minha frente.
Letargia. Talvez, falta de aptidão... Constato uma quebra. Certo abatimento.
Murchei? Já disse tudo que queria? Desnudei minha alma e coração? Doravante corro o risco de ser repetitiva?
De repente tomo meus versos, relei-os e não sei... Sequer escrever e rasgar, como sempre faço... Nada.
Aguardo um start! Uma bandeira luminosa que me sinalize que já são horas da largada e devo seguir meu percurso.
Mas enquanto isso não acontece, deixo-me ficar com os versos de Saramago.
NESTA ESQUINA DO TEMPO
Nesta esquina do tempo é que te encontro,
Ó nocturna ribeira de águas vivas,
Onde os lírios abertos adormecem
A mordência das horas corrosivas.
Entre as margens dos braços navegando,
Os olhos nas estrelas do meu peito,
Dobro a esquina do tempo que ressurge
Da corrente do corpo em que me deito.
Na secreta matriz que te modela,
Um peixe de cristal solta delírios
E como um outro sol paira, brilhando
Sobre as águas, as margens e os lírios.
(José Saramago)
Publicado por KATHLEEN LESSA
em 15/02/2009 às 00h36
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